quarta-feira, 7 de abril de 2010

Trolha, Oswaldo e a racha.

O pau para Oswaldo sempre pareceu algo intrigante, curioso. De tantas – e tantos – formas já havia se encontrado com o seu.
Seguia-se um regra cronológica.Primeiro encontra na coxa: coxa com pau, pra sentir, pra medir. E isso nunca na expectativa que fosse grande, desses ele nunca fez questão. Preferia, sempre, os outros. Depois o encontro era com as costas da mão. O pau, passsando ali, quase como sem querer, sempre levando a mão do outro, sempre sem querer. A troca era necessária, é até uma questão de confiança. Por isso era sexo, o fluxo do desejo tinha de advir dos dois. Pau com pau, guerra de espadas, e essa era a visão que a Oswaldo mais agradava, e depois a sensação que vinha de trás. O cu. O cu é o não-pau, e o pau é o não-cu. O encontro é o sim, razão. Todos os paus.
Certa vez Oswaldo ouviu a expressão “trolha no rabo”. Seja lá o que for trolha, pega bem. Trolha! "Trolha no rabo de Oswaldo! – gritam as multidões." Daria uma ótima cena de filme.
A questão das bucetas..., Como seria em seu corpo uma buceta? Uma buceta de fato, não essas vendidas nas revistas – rosas e carecas. Uma Buceta Peluda. O mito da buceta baseava não no o que ela é. Mas em um de seus produtos: gente. Sai sangue e explode humanidades. Abraçar a barriga de uma grávida é abraçar o mundo, ou o nada.
Mas sai também gozo, o vapor esquenta e a racha mela. Talvez por isso sempre preferiu, quando criança, abraçar aos postes de concreto no fim da tarde, quentes, ásperos e secos. Como paus.

Carta de Amor I

Querido leonino,
Sabendo que você entende o que é o orgulho de leão, sei que se eu pedir não irás dizer por aí que sou capaz de produzir tais palavras piegas; já que isso não combina com a mascara que uso.
Porém, o importante é que adorei estar próximo a ti todo esse tempo, e descobri quão legal tu és. E quão bem sabe meter a língua nos buracos. Como sabe fazê-la do melhor buraco para minha porra. Adorei a maneira como rolou naturalmente, romanticamente e secretamente.
Não sei o que significou pra ti, ou se de fato significou.
Cometo aqui o suicídio de dizer que para mim não foi apenas uso dos corpos. Já que tais sentimentos são descartáveis e não se repetem (há dúvida nisso). Digo suicídio porque apesar do boa trepada, não te conheço suficientemente para revelar, dessa forma tão direta, meus sentimentos. Tampouco sei como te relacionas com os outros caras que trepas por aí – trepas tão bem que é impossível não teres prática.
Pessoas deveriam ser pessoas independentemente das paus e dos bucetas.Quero crer que poderemos nos divertir por aí – sem o secretamente.
Não espero respostas, mas se vierem, por favor: sem eufemismos.

Teu Leonino daquela noite.

Desce o sangue.

Carol ferve. Seu sangue não desce, nunca desceu. Hormônios em cápsulas coloridas carregam sua feminilidade preta. As cápsulas liberam seu corpo da jaula; talvez liberar não seja a palavra certa, transformar, isso, Carol é uma transformação de si mesma. AS cápsulas, que Carol toma religiosamente, todos os dias, transformam sua antiga jaula. Jaula vira templo. Jaula e templo coexistindo em um mesmo ser.Seu corpo foi construído de silicone. O silicone é seu sexo. E seu sexo não faz um bom sexo.Carol ferve e o sangue nunca desce.Carol nasceu aos 17 anos. Hoje é filha apenas de pai, a mãe é mãe de viado; felizmente separados.Carol fervia, arrasava na roupa colada, na Elke na cara. Sobreviveu a monstruosidades na infância e na adolescência, que comemorava o fim, naquela noite, com @s amig@s. Comemorava não apenas o fim da adolescência legal, mas também o pagamento da última parcela da cirurgia.Fim dos seventeen (but now very sweet ),da parcela do silicone e de CarolAndando na rua, céu de cor azul-cinco-da-manhã. Um som de motor, um grito, um corpo. Um corpo e mais um silicone sujo de sangue em frente à boate dos baitolas.